quarta-feira, 4 de junho de 2014

8 de Junho: Percurso pedestre pela memória libertária de Almada, seguido de piquenique


10.00 - Percurso pedestre pela memória libertária de Almada, seguido de piquenique (traz merenda!)
- Ponto de encontro em Cacilhas, junto à saída dos barcos.

Sabias que, em Almada, a implantação da República foi desencadeada, no dia 4 de Outubro de 1910, por um discurso do sapateiro anarquista Bartolomeu Constantino?
Sabias que, durante uma greve dos operários corticeiros em Agosto de 1911, a fábrica do Conde de Silves na Cova da Piedade foi incendiada pelos operários revoltados que impediram a intervenção dos bombeiros?
Sabias que em Almada a greve insurreccional antifascista de 18 de Janeiro de 1934 durou dois dias, encerrando todas as actividades económicas do concelho e sabotando a ligação telefónica entre Lisboa e o Sul do país?
Sabias que foi da Cova da Piedade que saiu o material explosivo fornecido aos operários que, em 18 de Janeiro de 1934, protagonizaram o movimento insurreccional contra Oliveira Salazar?
Sabias que o núcleo anarquista de Almada, apesar de uma forte repressão que levou muitos companheiros ao degredo, à prisão e à morte, se manteve activo na clandestinidade até 1974, quando ainda conseguiu fundar um ateneu anarquista?

As ruas de Almada escondem uma história de resistência que pouca gente conhece. Entre o final da Monarquia e os primeiros tempos do Estado Novo, o território de Almada foi profundamente alterado por um processo de industrialização que levou à fixação de trabalhadores vindos de várias partes do país. Nos antigos lugares do concelho, profundamente ligados ao rio e aos terrenos agrícolas que os rodeavam, cresceram fábricas com as suas altas chaminés e cais de embarque de mercadorias. Também cresceram as vilas e bairros de operários, onde habitava uma população que descobriu a auto-organização, em cooperativas, sindicatos e sociedades recreativas e culturais, como forma de ultrapassar as dificuldades impostas por condições de vida miseráveis. Este processo de auto-organização e resistência, protagonizado pela população operária de Almada, durou décadas e só dificilmente foi submetido pela ditadura fascista.
É esta a história que se pretende partilhar neste percurso pedestre pela memória libertária de Almada.

(Actividade inserida no programa do 40º aniversário do Centro de Cultura Libertária)