"A céu aberto: notas sobre a repressão e afins", publicado em Itália em 2004, foi editado em português em 2010 num contexto em que, apesar dos projectos e actividades que na altura existiam, havia quem sentisse a necessidade de ir mais longe. Alguns indivíduos re-lançamo-lo e propomos agora a sua discussão partindo do contexto actual.
20h - jantar vegetariano // 21h - re-lançamento e discussão
no Centro de Cultura Libertária - Rua Cândido dos Reis, 121, Cacilhas (Almada)
» pdf da compilação onde está o texto: http://
Prefácio da edição portuguesa:
« Publicamos os textos seguintes como contributo para uma discussão rica em vontade mas, muitas vezes, pobre em desenvolvimento: a discussão sobre o aventurar no terreno do conflito social, levando connosco as nossas maneiras próprias de vermos, fazermos e sentirmos as coisas.
Nesse terreno incerto, podemos experimentar o alastrar de relações de cumplicidade e a necessidade de acção directa, transportando também as prisões e a repressão para fora do seu isolamento, retomando-as noutros contextos; isto porque a prisão é, de facto, uma provável consequência de toda a luta autónoma que saiba encontrar os seus próprios tempos e métodos. E é simplesmente cada vez mais a consequência de um sistema social que treme perante os olhares até dos mais distraídos, e que dispara paranoicamente em todas as direcções, numa nervosa tentativa de manter um controlo e uma paz sociais que ameaçam escapar-se-lhe.
Talvez ao compreender e escapar da lógica reactiva da repressão, do reflexo condicionado que nos limita, ou do medo que nos paralisa e, com base numa projectualidade própria, ultrapassarmos a separação, o isolamento e as ligações que nos são impostas pelo poder, talvez assim seja possível sair do pântano em que nos encontramos.»
Introdução original do texto "A céu aberto":
« As notas que se seguem derivam de uma necessidade: a de reflectirmos em conjunto sobre a situação actual, com o objectivo de encontrar o fio condutor de uma possível perspectiva. Elas são fruto de várias discussões nas quais o balanço crítico da experiência passada, a insatisfação com comportamentos de luta actualmente em curso e a esperança de potencialidades existentes se fundiram. Não são a linha de um grupo em competição com outro. Nem têm qualquer pretensão ou ilusão de preencher os vazios – de vida e paixão projectual – com um acordo mais ou menos formal sobre umas quantas teses. Se estas notas contêm críticas desagradáveis, não é com o objectivo de
as lançar como um fim em si mesmas, mas antes porque penso que continua a ser necessário dizerem-se coisas desagradáveis. Como todas as palavras neste mundo, encontrarão eco apenas naqueles que sentem uma necessidade semelhante. Em resumo, uma pequena base para discussão de forma a alcançarmos uma compreensão daquilo que podemos fazer, e com quem. »