Domingo, 17 de Julho
18h - Documentários e conversa
20h- Jantar
"Era de uma invasão, na verdade, de que se
tratava. Estavam a anunciar aos furnenses que Vilarinho ia ser varrida
do mapa. Não o faziam com armas, canhões ou carros de assalto... iriam
fazê-lo com leis, dinamite, escavadoras e água. A arma final seria uma
incomensurável parede na qual o impreparado rio Homem iria embater e,
impedido de seguir o breve curso que seguia desde a nascente e sem poder
recuar, nada mais lhe restaria senão crescer, num esforço impotente, e
alagar o vale de que antes fizera parte... e, com ele, as leiras de
cultivo, as casas e a própria existência de uma comunidade humana."
(in "Rio Homem", de André Gago)
Partiremos de dois documentários
(e alguns livros) sobre Vilarinho da Furna, antiga aldeia do vale entre
as serras Amarela e do Gerês, afundada em 1972 pela barragem do rio
Homem, para falarmos daquela zona, do progresso, de comunidade e de
indivíduo.
Projecto do Estado português, a barragem do Homem
(denominada Barragem de Vilarinho das Furnas) afundou para sempre aquilo
que antes não haviam conseguido travar: uma aldeia que vivia de forma
autónoma e comunitária, com as suas próprias contradições, onde a
relação comunidade/indivíduo era posta em jogo diariamente e da qual o
Estado era inequivocamente excluído pelos seus intervenientes.